Durvalino Bip Bip acordou e, antes mesmo de sair da cama olhou o relógio: eram sete horas e trinta minutos.
Pondo para funcionar seu cérebro que, àquelas horas da manhã ainda estava anestesiado, concluiu que teria de correr para chegar ao serviço a tempo.
Lembrou-se das ameaças pelo feitas chefe:
-Nunca mais chegue atrasado. Caso isso ocorra novamente, o senhor será mandado embora.
Durvalino Bip Bip pulou da cama.
Seu chefe não era do tipo que não cumpria as ameaças que fazia.
Se ele dizia nunca mais, era nunca mais mesmo!
Teria de correr caso ainda quisesse manter seu emprego.
Vestiu a calça e só percebeu que estava sem cueca quando fechou o zíper no saco.
Agonizando com a dor causada por este infortúnio, Durvalino Bip Bip conseguiu se desfazer daquele problema sem rasgar a pele.
Atordoado com a experiência tão desagradável pela manhã, ele correu para a cozinha onde encontrou um caneco com leite que sua mãe acabara de esquentar.
Sem perder tempo, colocou chocolate em pó no copo e a seguir misturou com a colher.
Vendo o relógio da parede pelo canto dos olhos, Durvalino Bip Bip tentou engolir o leite de uma só vez.
Se ferrou novamente.
Alem de queimar a boca, a língua e a garganta, ainda sujou a camisa.
Puto da vida, Durvalino Bip Bip foi para o quarto onde trocou de roupa.
Quando descia as escadas, resolveu pular do quinto degrau para o chão tentando ganhar tempo.
Torceu o pé não se dando bem desta vez também.
Teve de esperar alguns instantes até poder andar novamente.
Pelas calçadas, corria como um louco, e, quando descia uma viela a toda velocidade, tropeçou numa pedra esborrachando-se no chão.
Sacudindo a poeira sem se importar com arranhões, levantou-se e continuou a louca corrida pelo emprego que, a cada momento que passava, mais se pendurava por um fio…
Perto da linha do trem, o apressado viu as horas num relógio que por alí havia. Faltavam cinco minutos para as oito. (Seu horário de entrada).
Também pode perceber algo de interessante, o dia da semana indicado no calendário digital estava meio estranho…
Correu mais alguns metros,subiu nos trilhos do trem, e só então pôde enxergar o dia: era Sábado. Dia que não precisaria ir para o serviço.
-Como sou burro. – Pensou. – Esta não deveria ter acontecido.
Infelizmente, Durvalino Bip Bip estava se conscientizando de seu erro no lugar errado: tão distraído ficou com o fato inusitado que não percebeu a aproximação de um trem em alta velocidade.
Foi atropelado, teve morte instantânea e seu corpo ficou dividido em várias partes. Nunca mais Durvalino Bip Bip chegou atrasado no serviço novamente.
***
Moral da história: A pressa é inimiga da perfeição.